Saturday, October 07, 2006

HISTÓRIA DA ESTEREOSCOPIA

3 HISTÓRIA DA ESTEREOSCOPIA

Há relatos de que a estereoscopia existe muito antes da fotografia pois o estudioso Leonardo da Vinci fez suas primeiras visualizações estereoscópicas sem o auxilio de câmera, e falou sobre o fenômeno visão binocular. Antes mesmo do surgimento da fotografia estudiosos já observavam e estudavam o fenômeno da visão binocular.
O físico Charles Wheatstone (figura 3), em 1838, construiu um aparelho que reproduzia desenhos tridimensionais de objetos e figuras geométricas.


Figura 3 – Charles Wheatstone 1802-1875 Figura 4 – Estereoscópio Wheatstone 1838

Mas foi com a fotografia que essas imagens estereoscópicas vieram com maior ênfase. Em 1849 David Brewster (figura 5) construiu a primeira máquina fotográfica estereoscópica, que ele chamou de estereoscópio (figura 6). Com o estereoscópio, Brewster obteve algumas imagens estereoscópicas, e mostrou para o público que ficou encantado quando conseguiam ver as imagens com profundidade.

Figura 5– David Brewster 1781-1868 Figura 6 – Estereoscópio de Brewster

Oliver Wendell Holmes em 1862, criou outro aparelho estereoscópico que popularizou a estereoscopia no final do século XIX, chamado estereoscópio (figura 7). Para ver as imagens estereoscópicas era necessário usar esse aparelho (figura 8).

Figura 7 – Oliver Wendell Holmes 1809-1894 Figura 8 – Estereoscópio de Holmes

Logo após o invento da fotografia, nos meados do século XIX, os pesquisadores descobriram que poderiam visualizar cenas em três dimensões se utilizassem duas fotos de um mesmo objeto tomadas em posições com afastamento similar aos dos olhos humanos.
Para evitar que ocorressem deslocamentos do objeto entre uma foto e outra, o que não permitiria a estereoscopia, foram desenvolvidas câmeras, como a da figura 9 ou como a da figura 10, já mais moderna, com duas objetivas, separadas em aproximadamente 7 centímetros, que permitiam a tomada do par de fotos simultaneamente, com pontos de vista ligeiramente modificados.
Figura 9 - Antiga câmera com dois visores para obtenção de pares estereoscópicos.
Figura 10 - Câmera com dois visores para obtenção de pares estereoscópicos, fabricada no início do século XX
Os fotógrafos montavam as fotos em papel cartão e, para a observação , as pessoas usavam estereoscópios. Este tipo de passatempo tornou-se muito popular entre os anos de 1870 até aproximadamente o início da primeira guerra mundial. Eram retratos de paisagens, campos de batalha, lugares exóticos ou apenas cenas do cotidiano. Todas as pessoas com certo grau de instrução possuíam o seu estereoscópio particular e uma coleção de pares de fotos. Foi, naquela época, uma verdadeira mania.
As fotografias estereoscópicas entraram em declínio comercial no inicio do século XX, mas encontraram aplicações científicas na fotogrametria aérea e fotointerpretação de imagens de satélite.
Na década de 50, as produtoras cinematográficas norte-americanas usaram o cinema em terceira dimensão, durante um curto período, na reconquista do público perdido para a TV. Foram produzidos vários filmes, como, “House of Wax” dirigido por Andre de Toth em 1953 (figura 11), “Creature from the Black Lagoon” dirigido por Jack Arnold em 1954 (figura 12), “Dial M for Murder” dirigido por Alfred Hitchcock em 1954 (figura 13) e “Flesh for Frankenstein” dirigido por Paul Morrissey em 1973 (figura 14).


Figura 11 – Cartaz do filme House of Wax. Figura 12 – Cartaz do filme Creature from the Black Lagoon


Figura 13 – Cartaz do filme Dial M for Murder Figura 14 – Cartaz do filme Flesh for Frankenstein

A estereoscopia foi sendo esquecida e hoje é apenas objeto de curiosidade pois todos imaginam que para obtê-la são necessários grandes investimentos em sofisticada aparelhagem, o que não é verdade, pois é um processo extremamente econômico permitindo o estudo da linguagem estereoscópica de forma rotineira.

3.1 Estereoscópio

Podemos obter a visão tridimensional por estereoscopia utilizando o instrumento denominado estereoscópio. Basicamente o estereoscópio tem a função de tornar paralelos os raios visuais do observador.
O estereoscópio é um instrumento composto por lentes que direcionam uma das imagens do par estereoscópico para o olho direito e a outra para o olho esquerdo, permitindo visualizar a imagem de forma tridimensional. Ele separa fisicamente as visões esquerda e direita, eliminando a possibilidade do cruzamento entre as visões. Essencialmente, o estereoscópio é constituído por um par de lentes convexas montadas sobre um suporte. Uma das grandes vantagens desse tipo de aparelho é permitir que o observador ajuste a distância pupilar entre as lentes, bem como ajustar a distância de visualização.

Figura 15 – Taxiphote Jules Richard 1904 Figura 16 – Estereoscópios portáteis

3.1.1 Pares estereoscópicos

Os pares estereoscópicos são imagens registradas de uma mesma cena feita simultaneamente, os pares estereoscópicos antigos eram reproduzidos em chapas de vidro (figura 17) e papel cartão, posteriormente passou a ser usado o acetato e o papel fotográfico.

Figura 17 – Par estereoscópico em chapa de vidro

Para obter um par estereoscópio, é necessário uma máquina fotográfica com dois obturadores que serve para registrar duas fotos em seqüência do mesmo objeto deslocando-se a objetiva em 7 centímetros, os objetos formarão imagens em cada uma das fotos, gerando paralaxes que proporcionarão a noção de profundidade entre pontos na observação.
Os eixos da câmara, em cada exposição do par, devem ser aproximadamente coplanares*.
Para visualização do par estéreo, é necessário que seja posicionada as imagens considerando-se à distância entre os olhos do observador e, ainda, ligeiramente deslocadas na horizontal, podendo ver com a visão cruzada, ou com o uso do estereoscópio.


Figura 18 – Pares estereoscópicos em papel fotográfico

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